quarta-feira, 21 de março de 2012

Futuro próximo e o próximo distante

Evolução. A medida que o tempo passa mais pessoas chamam o progresso humano de evolução. Eu não conheço muitas realidades presencialmente, apenas pelo que vejo na televisão ou internet. A impressão que tenho me leva a ver o ser humano de outra forma dentro de todo esse mundo por ele criado. Pensando que não é a maioria das pessoas que criam o mundo mas emergem já dentro de um mundo criado por outros, talvez as mentes científicas, filosóficas e outras que moldam todo o caminho da humanidade. Quantas coisas realmente criamos para esse mundo? Nascemos num mundo já moldado e direcionado para caminhos, costumes e hábitos que são como uma correnteza, simplesmente nos leva. O mundo (composto de pessoas) contém seus valores, seus 'desvalores' e nós adotamos uns, rejeitamos outros, defendemos ou atacamos. É como olhar para pessoas que lutam para salvar o planeta (por terem tais valores e ferramentas para isso) e outros que lutam por interesses que destroem esse mesmo planeta, é como ver dois mundos em colisão. São mundos de valores inversos. Pessoas que lutam pela sobrevivência e sacrificam muito de si para isso e grupos que só valorizam a força de trabalho de um ser humano, que não levam em conta seus sentimentos, seus desejos, sua ânsia por um pouco de felicidade. Existe um plano no mundo que só existe calcado na miséria de outros. Ao que parece não importa o quanto evoluímos em termos de conhecimento ou tecnologia sempre há os dispostos a destruir o mundo de outros mil vezes em prol do dinheiro. Com o tempo temos mais recursos, conhecimento, tecnologia e menos humanidade.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A arte e a loucura


Premonições de guerra civil - Salvador Dalí.

A demência visita todo artista. O irracional, fantasioso, inusitado e impossível está em nossas mentes, de nós artistas. E tudo deixa de ser simplesmente um ato para se tornar uma obra. Pintar não é so pintar, assim como escrever, atuar, cantar, compôr... existe um senso que dança de um extremo da razão ao extremo da loucura... brincadeiras entre bem e mal. A mente de um artista está sempre a frente de seu tempo, seus anseios, medos... ele está sempre perdido em sua própria época por que ele vive o que as pessoas ainda não sonharam. Então ser incompreendido ou taxado de louco ou docemente de 'muito doido' não lhe é nada surpreendente. Para entender um artista, só outro artista.

domingo, 26 de dezembro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Olhares sobre tela (Elias Balthazar)


Por entre as cores, traços, linhas,
afetos e cubos e beijos sem formas
Seres amarelos e verdes, “loucos”,
“homem, flor e gato”, “bichos do mato”
“mágoas e sombras na esquina”

“São as lembranças” em cores
e formas distorcidas
De meses e anos e das areias do tempo
do “agosto em chamas”

Da estrada, “o viaduto”, incompletos,
esquecidos antes do fim
como o perdido olhar da moça vermelha,
no azul, entre as águas e as “luzes de santo Antonio”

“Trabalhadores da usina”,
“mudam o rio, mas o rio
não muda”...
...os homens...

(Elias Balthazar)

Sou imensamente grato pela visita do amigo Elias a exposição IN, que com seu olhar de poeta soube expressar a essência das pinturas com profunda sensibilidade.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

INConsTANtE RESPONDENDO

Perguntas de Aline S. Vieira

A. - Por que nos seus quadros você não retrata temas de ecologia, da destruição do meio ambiente assim como a gente vê em trabalhos de outros artistas daqui?

M. - Alguns desses temas aparecem de forma sutil em alguns trabalhos mas não se trata do foco principal. Eu resolvi olhar a nossa realidade de outro ângulo. Eu retratei com frequência o Rio Madeira mas inserido em outros contextos como é o caso da pintura RIO MADEIRA, ENTARDECER, REFLEXÕES onde a beira do rio figura como um lugar de pensamentos e tranquilidade ao anoitecer, em outro ele aparece como paisagem dominante... no caso dos demais pintei cenas do cotidiano porque acredito que são importantes de serem registradas, são atuais e contém também poesia e crítica. Acredito que podemos olhar ao nosso redor aqui em Porto Velho e pintar temas bem interessantes sem precisar recorrer a floresta, aos animais, aos índios etc.

A. - O que você espera em relação a venda dessas telas?

M. - Bem, eu sempre pintei por puro gosto, nunca tive grandes aspirações em viver de arte. Algumas vezes pensei em viver de pinturas mas não deu muito certo, depois disso resolvi deixar a pintura apenas como hobby. E no caso dessa exposição, aceitei o convite do pessoal da coordenação de cultura do SESC para mostrar ao publico o meu trabalho sem pensar muito nesse lado de venda. Ficaria contente se vendesse alguns mas o objetivo principal dessa exposição é mostrar meu trabalho ao público daqui.

In CoNstaNte - Respondendo

Perguntas de Edna Arruda

E. - Alguns atribuem a capacidade de desenhar, ou tocar um instrumento, ou outras habilidades artísticas a algo chamado "dom". Você é da mesma opinião?

M. - Olha, é uma pergunta difícil de responder, ao menos pra mim. Eu diria que todos nós temos interesse ou fascínio pela arte, mas isso do "dom" é algo quase espiritual... eu acredito mais no amor pela arte, eu chamaria "dom" de AMOR mesmo. Porque esse sentimento é um interesse mais do que o normal, é mais do que simplesmente achar algo belo, é querer fazer arte. Quando se nutre esse sentimento então somos impulsionados a aprender, a experimentar, a trabalhar em cima disso... e acho que isso acontece com a maioria das ocupações... quando a gente faz o que gosta, o que ama, o trabalho ganha um sentido maior... com a pintura não é diferente, no meu caso me levou a estudar, aprender com paciência, sem pressa e realizar esse sonho de expor meus trabalhos.

E. - Aqui nós temos muitos pintores que dão cursos e tudo mais. Você aprendeu tudo sozinho. Foi opção sua?

M. - Olha, quando se desenha e pinta desde cedo a gente vai como que se habituando a fazer as coisas sozinho, pelo menos comigo foi assim... então, ao longo dos anos fui aprendendo pela observação de obras de pintores famosos e também fazendo meus ensaios.

E. - No caso dessa exposição, como você chegou ao tema IN CONSTANTE MENTE TRAÇO COR AÇÃO?

M. - Esse nome se deu mais pelo gosto que tenho pela poesia, a brincadeira com as palavras nos leva a vários sentidos, então esse tema pode nos levar a vários conceitos, juntar e separar esssas palavras é algo que fiz mesmo pra tornar o tema mais poético. Além disso a própria arte não possui um padrão CONSTANTE, ela é livre, pode ser CONSTANTE ou INCONSTANTE, IN também quer dizer INTERIOR, ÍNTIMO... MENTE pode se referir a algo MENTAL ou a alguem que MENTE ou mesmo ser o complemento de CONSTANTEMENTE, ou seja, algo contínuo como a busca pela expressão através da arte.

E. - De onde saiu a inspiração em telas como MÁGOA e SÃO AS LEMBRANÇAS?

M. - De experiências pessoais mesmo. Todos nós somos magoados ou violentados em nossos íntimos por experiências amargas e com o passar do tempo mesmo a lembrança de tais experiências ainda tem um peso significativo... no caso destes trabalhos há a expressão desse conceito na forma de figuras e ícones. É uma forma de falar de mim.